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Um estudo realizado pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), por meio do campus de Ariquemes, revelou que a água de poços amazônicos utilizados por moradores da cidade está contaminada e é imprópria para consumo. O levantamento, solicitado pelo Ministério Público de Rondônia, analisou amostras de água em diferentes pontos do município, comparando o sistema de abastecimento público com os poços usados de forma independente.
Ao todo, foram avaliadas 12 amostras de poços. Todas apresentaram coliformes totais e, em 10 delas, foi confirmada a presença da bactéria Escherichia coli — um indicativo claro de contaminação fecal. A análise seguiu os critérios da Portaria nº 888/2021, do Ministério da Saúde, que define os parâmetros de potabilidade da água no Brasil.
Por outro lado, a água fornecida pelo sistema público de abastecimento demonstrou estar dentro dos padrões legais. Nenhuma das amostras apresentou contaminação microbiológica, indicando que o serviço oferecido à população atende às exigências sanitárias.
Segundo a professora doutora Gisele Teixeira de Souza, coordenadora da pesquisa e docente do curso de engenharia de alimentos da Unir, a cultura de uso de poços ainda é muito presente na região. No entanto, o estudo indica que o lençol freático de Ariquemes pode estar comprometido, possivelmente devido ao uso de fossas sépticas para o descarte de esgoto doméstico, o que representa um risco significativo à saúde pública.
“Boa parte da população ainda utiliza água de poço para escovar os dentes, lavar alimentos, utensílios e até mesmo para beber. Isso expõe milhares de pessoas a doenças de veiculação hídrica”, alertou a professora Gisele. Ela também destacou que o estudo tem como objetivo ajudar o poder público a tomar decisões e implementar medidas que melhorem a qualidade da água e da vida da população.
Outro ponto abordado foi a água turva que ocasionalmente sai das torneiras. Esse tipo de ocorrência, segundo a Unir, não está relacionada a contaminações por bactérias, mas sim a paralisações ou manutenções no sistema. “A turbidez da água não indica necessariamente a presença de agentes patogênicos”, esclarece a professora.
Ainda segundo o levantamento, a água da rede pública de Ariquemes foi considerada própria para consumo em todos os pontos analisados. Em contrapartida, a água dos poços amazônicos apresentou risco e foi considerada imprópria, especialmente pelo padrão microbiológico.
Essa não é a primeira vez que a Unir realiza um estudo semelhante. Em 2024, pesquisadores da instituição já haviam constatado contaminação fecal em 98% dos poços analisados em Buritis, também no Vale do Jamari. À época, o estudo indicou que todos os bairros da cidade tinham poços comprometidos.
A expectativa é de que os dados atualizados sirvam de base para que ações concretas sejam tomadas em Ariquemes, como campanhas de conscientização, incentivo ao uso da água tratada e investimentos em saneamento básico.
Fonte: AEGEA
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