Lula sabe muito do que fala quando desconfia de mais uma armação. A grande imprensa protege Moro para se proteger
Sérgio Moro e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado | Ricardo Stuckert/PR)
Agitada pela chance de ressurreição do ex-juiz suspeito, a grande imprensa ataca Lula por ter levantado a suspeita de que a história das ameaças do PCC está parecendo uma armação do próprio Sergio Moro.
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Uma declaração desse porte, nessas circunstâncias, ficaria estranha na boca de qualquer um, mesmo que fosse uma figura pública de expressão.
Mas Lula tem experiência, como vítima, em armações de Sergio Moro. Tem todas as provas e as cicatrizes das armações.
A grande imprensa bate em Lula porque chegou a hora de defender o ex-juiz de novo, como parte de uma dívida impagável de meia década de conluios com a Lava-Jato.
Mas todo mundo sabe que foi Moro quem armou o grampo para a gravação da conversa de Dilma e Lula, em março de 2016. Foi uma armação criminosa.
Moro armou o grampo, manteve a escuta depois do tempo previsto e fez outra armação: passou o grampo para a Globo.
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Moro armou, também em março de 2016, a condução coercitiva de Lula, para que prestasse um depoimento que ele nunca se negou a dar. Armou uma cena policialesca para humilhar Lula.
Moro armou, com Deltan Dallagnol, todos os passos do Ministério Público na força-tarefa de Curitiba, para que os procuradores agissem sob seu comando, como ficou provado nas mensagens da Vaja-Jato.
Moro armou as escutas das conversas dos advogados de Lula e grampeou Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, esse último cada vez mais perto da vaga no Supremo, o que será um desastre para o ex-juiz
O grampo pegou todos os 25 advogados do escritório e mais de 200 clientes. Aconteceu porque Moro era especialista na armação de espionagem telefônica.
Em maio de 2017, quando Lula depôs a Sergio Moro no caso do tríplex, o juiz apresentou ao ex-presidente o que seria um documento de dona Marisa Letícia como intenção de compra de um apartamento no Guarujá.
O juiz tentou mais uma armação e apresentou o documento, sem assinatura, para saber, como armadilha, se Lula reconhecia o papel apócrifo.
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Moro fez denúncias contra Bolsonaro, por interferências na Polícia Federal, que resultaram em inquérito no Supremo, e um ano depois tentou armar uma cilada para Lula, desfilando ao lado de Bolsonaro nos estúdios de TV nos debates da eleição.
A grande imprensa defensora dos bons modos, que condena agora a atitude de Lula por ter levantado a suspeita de armação no caso do PCC, sabe que foi cúmplice de todas as armações de Moro.
Lula tem autoridade para dizer que o ex-juiz está sempre armando alguma coisa, como armou agora a versão de que caçou o PCC como magistrado e como ministro da Justiça.
Não caçou nada. O promotor Lincoln Gakiya, que de fato cerca o PCC, já disse e repetiu que Moro nunca fez nada de relevante contra Marcola. E o chamou de mentiroso por se apresentar como protagonista das medidas de restrição aos presidiários do PCC.
Moro disse em entrevista à GloboNews que é ameaçado por ter agido com determinação contra o PCC como juiz e ministro de Bolsonaro. Nenhum dos três jornalistas no estúdio perguntou o que ele fez, porque o entrevistado não saberia o que dizer.
O que já se sabe e é repetido desde ontem, inclusive pelo promotor Lincoln Gakiya, é que em fevereiro de 2019 Moro proibiu visitas íntimas aos presos do PCC. Provocou Marcola, mas nunca fez nada de relevante.
Lula sabe muito do que fala quando desconfia de mais uma armação. A grande imprensa protege Moro para se proteger, porque as armações do lavajatismo só existiram com a cumplicidade lacaia das corporações de mídia.
A Lava-Jato foi uma grande armação. O próprio Moro é uma armação da direita e da extrema direita brasileira e americana, de parte do sistema de Justiça, da Globo, da Folha, do Estadão, da Fiesp, de grileiros, militares, manés e milicianos.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
Fonte:tudorondonia
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